Donos de postos de combustíveis se reuniram nesta terça-feira (18) na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) com a prefeita Dárcy Vera (PSD) e com autoridades policiais para discutir estratégias de segurança que possam inibir a ação de criminosos nos estabelecimentos. De acordo com o Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Sindespopetro), foram 50 ataques a postos de combustíveis nos 40 primeiros dias do ano – 27 com arrombamentos e explosões de cofres. Uma comissão foi formada para voltar a tratar do assunto na próxima semana.
Durante a reunião, os proprietários dos estabelecimentos apresentaram vídeos que mostram assaltos violentos, agressões a frentistas e ladrões utilizando armamento de guerra – entre eles um fuzil modelo AR-15. Segundo Adolfo Oliveira Neto, sócio-diretor de uma rede de postos atacada 23 vezes este ano no município, o medo de novos assaltos tem feito com que inúmeros funcionários desistam de trabalhar nos estabelecimentos.
“Além do prejuízo financeiro e estrutural, temos prejuízo com a mão de obra. Nossa rede tem em torno de 180 funcionários. Tive vários pedidos de demissões este ano devido aos assaltos. Estamos com grande dificuldade de contratação. Hoje, o profissional que trabalha no posto quer mudar de profissão. Estamos investindo em segurança, câmeras, alarmes, mas nada disso resolve nossa situação. Continuamos sendo assaltados. É uma situação difícil”, afirma.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), Oswaldo Nunes Manaia Junior, faltam policiais nas ruas para conter esse tipo de crime. “Prefeitura e autoridades deveriam colocar um efetivo maior nas ruas. Se eles olhassem o nosso segmento com mais carinho, teríamos menos explosões, roubos e assaltos. Queremos que a prefeita fale com o secretário de Segurança Pública do Estado. Por enquanto tivemos perdas materiais, mas quero ver quando tivermos uma perda humana. Quem vai ser o responsável por isso?”, questiona.
O comandante da Polícia Militar, José Roberto Malaspina, defendeu o trabalho da polícia e criticou a fragilidade da legislação quanto à punição dos bandidos. “O que está acontecendo é um fenômeno que não se restringe apenas a Ribeirão. A audácia do crime está cada vez maior. É muito simplista ouvir que precisa de mais policiais para resolver. O maior frustrado nessas ações é o policial militar, que prende essas pessoas em flagrante e pouco tempo depois eles já estão na rua”, afirma.
Malaspina também criticou a prática de acúmulo de grande quantidade de dinheiro nos postos de combustíveis. “Precisamos saber se as ferramentas de segurança estão sendo bem utilizadas. Dinheiro em estabelecimento comercial é atrativo para o criminoso. É fácil e qualquer um pode prever que as pessoas que fizeram isso tinham informação de que havia cofre com dinheiro”, diz.
Ao final da reunião, uma comissão foi formada com membros dos postos de combustíveis, da Prefeitura, da Polícia Militar e da Polícia Civil para voltar a discutir o assunto. A prefeita Dárcy Vera afirmou que irá tentar marcar uma reunião com o secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Grella, para expor o problema.